quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Daniel Dantas joga no ventilador

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Brasília - O esperado silêncio do banqueiro Daniel Dantas, em seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Escutas Telefônicas Clandestinas da Câmara, não ocorreu.


Protegido por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que lhe garantia ficar calado, Dantas não deixou sem resposta nenhuma pergunta formulada pelos parlamentares.


Na opinião de alguns deputados, ainda aproveitou o depoimento "para passar vários recados", como avaliou o deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR), autor do requerimento que convocou o banqueiro. Entre os "recados" passados por Dantas, Fruet apontou a citação dos 25 milhões de euros que a Telecom Itália teria distribuído no Brasil para políticos e autoridades governamentais.


Dantas ainda considerou que o vazamento do conteúdo das interceptações telefônicas realizadas nas investigações da Polícia Federal, no contexto da Operação Satiagraha, teria sido de responsabilidade "da própria polícia [Federal] ou de outras fontes", disse o banqueiro.


"Se eu sou corruptor, quem foi o corrompido?", perguntou o banqueiro, ao se referir às "hostilidades" que ele ouviu de líderes do governo em seu depoimento perante a extinta CPI mista dos Correios.


Dantas relatou uma reunião que teve com o ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu, ainda no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Dantas, nessa reunião Dirceu teria pedido que ele conversasse com o então presidente do Banco do Brasil Cássio Casseb, que também era conselheiro da Brasil Telecom.


"Ele [Dirceu] disse que o governo tinha planos diferentes para o controle da Brasil Telecom. O ministro manifestou que era uma questão societária, não era uma questão corporativa", disse Dantas.


Dantas revelou ainda que "ouviu falar" que o ex-ministro Luiz Gushiken (da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República) teria interferido junto aos fundos de pensão, para concretrizar a sua saída do controle da empresa.


"Eu recebi informações nesse sentido. Não posso testemunhar, mas o que sei é que os fundos de pensão fizeram pressão para que eu saísse", disse Dantas. Entre os fundos, o banqueiro citou o Previ (dos funcionários do Banco do Brasil), a Funcef (da Caixa Econômica) e o Petros (da Petrobrás). (AABr)