quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Tribunal de Justiça do Rio abre Centro Cultural com leitura da peça “Os Físicos”

 O presidente Luiz Zveiter (à esquerda) prestigiou o evento que contou com um público de cerca de 200 pessoas

- O plenário do 1º Tribunal do Júri da capital, acostumado a ser palco de julgamentos de repercussão, como os casos da atriz Daniela Perez e do jornalista Tim Lopes, abriu as suas portas na noite desta terça-feira, dia 23, para algo inédito: a leitura da peça teatral “Os Físicos”, de autoria do dramaturgo suíço Friedrich Dürrenmatt. O espetáculo foi apresentado por oito magistrados do Tribunal de Justiça do Rio, que trocaram a toga pela cena, inaugurando assim os trabalhos do mais novo espaço carioca dedicado à cultura, o Centro Cultural do Poder Judiciário (CCPJ), localizado no antigo prédio do ex-Tribunal de Alçada Criminal, que foi completamente restaurado.
O evento de ontem reuniu cerca de 200 pessoas entre convidados e público interno. Uma nova sessão acontecerá hoje, dia 24, às 19h. Já os dias 29 e 30 deste mês, foram reservados para o público em geral, com distribuição de senhas a partir das 18h, na Rua Dom Manoel 29 – Centro. A entrada é franca.
Ao término do espetáculo, a juíza titular do 4º Tribunal do Júri, Elisabeth Machado Louro, disse ser uma honra participar do evento e que sem o apoio do presidente Zveiter “este milagre” não teria acontecido. “Eu o considero o mais carioca dos presidentes. Pois o carioca é alegre, mais ousado. E somente um presidente com essas características poderia proporcionar este momento mágico, onde magistrados são transformados em atores”, falou a juíza.
A desembargadora Cristina Teresa Gaulia completou a fala da Elisabeth Louro, agradecendo também a diretora Silvia Monte. “Obrigada por nos tornar mais humanos, de acreditar que seríamos capazes e de nos tornar pessoas melhores”.
Estou emocionado. Eu sempre passava por aqui e não entendia por que não ocupavam este espaço de outra forma, já que é um lugar tão bonito. E hoje estamos aqui, mostrando que o magistrado não é uma pessoa dura, que também é sensível e sabe atuar de outra forma”, afirmou o presidente do TJRJ, desembargador Luiz Zveiter, que prestigiou o espetáculo, juntamente com o desembargador Adilson Vieira Macabu, entre outras autoridades convidadas.
Ele comentou ainda ser um orgulho poder devolver ao Rio de Janeiro um prédio antigo e totalmente reformado, e verificar que o Tribunal tem grandes atores magistrados. ”Parabenizo a todos os envolvidos na peça, que, sem vocês, não teria sido realizada”, finalizou o presidente.
Trocarão a toga nesses dias pela cena os desembargadores André Gustavo Andrade, Ana Maria Oliveira, Claudio D’ell Orto, Cristina Tereza Gaulia, Geraldo Prado, Wagner Cinelli e as juízas Andréa Pachá e Elizabeth Machado Louro. Fazem parte, ainda, como atores substitutos, Alexandre Mofati e Thais Tedesco.
A obra de Friedrich Durrenamatt, que faleceu em 1990, “Os Físicos” (1962), trata dos avanços da ciência, em particular da física nuclear, no contexto histórico-político da Guerra Fria, mais especificamente, durante o conflito entre os Estados Unidos e a antiga União Soviética relacionado ao possível uso de uma bomba atômica. Na peça, que se passa num hospício, o dramaturgo expõe uma situação em que o personagem principal tenta esconder suas descobertas físicas para o bem da própria humanidade. A tradução é de João Marchner e a direção está a cargo de Silvia Monte.
Friedrich nasceu em Emmental, em 5 de janeiro de 1921, pequeno distrito no cantão de Berna, Suíça, e era filho de um pastor protestante. Em 1941, ele deu início aos seus estudos de filosofia e do idioma e da literatura alemã, na Universidade de Zurique. No Verão de 1942, foi dispensado do treinamento militar, por deficiência visual. E, no ano seguinte, transformou-se num autor, tendo sua primeira peça “Es steht geschrieben”, sido escrita entre 1945/46, num total de 15, até 1985.