Em entrevista à BBC, o presidente da Guatemala, Álvaro Colom, disse sexta-feira que teve uma conversa telefônica com a Casa Branca, onde o presidente dos EUA, Barack Obama, pessoalmente, pediu desculpas ao povo da Guatemala.
Os dois chefes de Estado concordaram em formar uma comissão bilateral para estudar esses eventos, composta por cientistas dos dois países. A comissão irá determinar uma eventual compensação às vítimas sobreviventes das experiências ou as suas famílias.
Mais cedo, a secretária de Estado Hillary Clinton tinha chamado em uma declaração a este experimento como antiético e condenável.
Há mais de 60 anos, o governo dos EUA infectou quase 700 pessoas na Guatemala com gonorréia e sífilis, como parte dos estudos de medicina.
Naquela época, os EUA queriam testar a penicilina como um antibiótico contra as doenças sexualmente transmissíveis.
A sífilis pode causar, entre outras coisas, problemas cardíacos, doenças mentais e até mesmo a morte. Mesmo os pacientes tendo sido tratados, não se sabe quantos foram recuperados. O correspondente da BBC em Washington, Kim Ghattas, disse que não está claro se as vítimas receberam tratamento adequado após o experimento.
O programa de testes foi descoberto pela professora Susan Reverby de Wellesley College. A professora diz que o governo da Guatemala deu permissão para os testes.
Ghattas disse que ainda não há propostas de indenização, mas que uma investigação será lançada para verificar os detalhes do estudo, realizado entre 1946 e 1948.
Em declaração conjunta Hillary Clinton e a secretária de Saúde, Kathleen Sebelius, disseram: “Lamentamos profundamente o que aconteceu, e pedimos desculpas a todos aqueles que foram afetados por essas práticas abomináveis da investigação.”